2013/01/10

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As Crônicas de Charn [Cap. II]

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Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos.
As Crônicas de Charn Apocalipse:
 —  O trono da angústia. [Capítulo II]

Em meio aquele apocalipse, Eli questionou-se qual seria a escolha mais sensata a seguir. Talvez, desistir seria uma ideia sábia, mas o menino saturava-se de prazer em pensar na condenação das pessoas inocentes que viviam no vilarejo e garantia a si mesmo que não havia nada a perder. O nome contido no bilhete era de pouca peculiaridade, porém assemelhava facilmente com o passado dos pais. Torturava-se, lá no fundo, por não ter sido morto juntamente ao casal que tanto amava, até porque, nas situações em que se encontrava, a morte era, sem dúvida, mais aperitiva do que a própria vida; injusta e desgraçada, como disse mais tarde. 

Decidido, o jovem caminhou ao encontro de seu cavalo, para, enfim, continuar sua busca. Cerca de alguns metros do animal, Eli foi impedido por uma voz vinda das árvores próximas às cabanas: 

— Você aí! Acha que possui o direito de pisar em tais territórios? Mal sabe você, pobre indivíduo, a angústia, tristeza e sofrimento que esses habitantes vivenciaram. Mal entende você, ingênuo indivíduo, as risadas que soaram no ouvidos destes ao serem cortadas suas pernas. Mal compreende você, inútil ser, as tantas mortes nesse mundo, as quais chegam a formar uma estrada de perdição.

Assustado e procurando algo para se defender, o órfão respondeu:

— Sou Eli, das bandas do Sul. Iniciei uma trilha para vingar-me dos militares responsáveis por tamanha minha desgraça. Agora, quem é você?

— Meu nome é Rashid. – disse agora próximo do menino, um velho imensamente gordo e corcunda, que utilizava uma túnica preta como vestimenta. – Sou um sobrevivente de tempos passados; porém, posso ser também uma mera alucinação sua ou quem sabe até um espírito que vaga o local de sua dolorida morte.

O garoto, severamente pálido, recuou e quase chegou a montar-se no cavalo, mas deu meia volta e indagou:

— Mas... Mas, como o senhor sobreviveu, se é que você realmente é um ser, quer dizer.... Uma pessoa comum, assim como eu?

— Pobre sujeito. – disse Rashid, cabisbaixo.- Esta vila é amaldiçoada pelos deuses! Reza a lenda que Alsheda, a imperatriz de Charn em bons tempos passados, deu origem a duas filhas: Sidjah e Jadis. A primeira vivia delicadamente, mas a segunda, por sua vez, era perturbada pela ganância e sobreposição da irmã.

— Jadis... Acredito que o bilhete banhado a sangue fora escrito por ela.- interrompeu o menino, ainda pálido.

Depois de um rápido suspiro, prosseguiu Rashid:

— Quando assumiram o trono, uma endemoniada briga tomou posse das irmãs: ordenaram a seus militares o estupro e, futuramente, o enforcamento da outra. Após a tentativa falha, Jadis vendeu sua alma à magia negra, tornando-se assim, a ministra de tal poder; Sidjah aliou-se fortemente à política, iniciando assim a guerra do extermínio, pelo domínio de Charn...

— Mas... Como ela...- começou Eli, porém acabando por desistir, depois de concluir que vender a alma à feitiçaria não contribuiria em sua vingança. 

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NOTA: A história tem como base a crônica "The Magician's Nephew" do escritor C.S.Lewis; nesta, o mundo Charn é citado.

Idealizado por Rodrigo Carvalho;
Escrito por Luis Henrique;

Enfim todos poderão ter "As Crônicas de Charn: Apocalipse" em mãos. Próximo ao término das postagens de capítulos aqui, no Skandar Keynes BR, será publicado o livro desta renomada história. Aguardem novidades.

Todos os direitos reservados: Luis Henrique e Rodrigo Carvalho.
Qualquer tentativa de plágio do conteúdo, acarretará a rigorosas punições aos valores autorais.

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